segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Without you.

*Continuação de "Atrasada".

Acordou novamente as 3:00 AM, não conseguiria dormir enquanto ele dominasse seus pensamentos. Rolou prum lado e pro outro, inquieta. Por fim decidiu se levantar e ir na janela.

Estava cansada da rotina, sua vida parecia ser feita de um dia que ficava se repetindo. Precisava de um hobbie, algo que a distraísse por um tempo. Entretanto, ela já tinha um: pensar nele. Quando pensava nele ficava totalmente fora do eixo, se desligava do resto e só havia ele e uma cena romântica na chuva. Ela precisava dele como o corpo precisa de energia.

Ainda estava na janela, olhando a rua deserta; tendo a Lua como única confidente de toda sua dor resolveu dar vazão aos seus sentimentos. Tentou de todas as maneiras mas parecia que seu coração, por possuir um sentimento tão puro como o amor, nunca seria habitado por lágrimas.

Será que se ela conseguisse, nem que fosse só por um momento, tirar esse sentimento de dentro de si, não ficaria melhor? Já exalava melancolia de tanta que tinha dentro de si. Só que ela não conseguiu. A única solução seria esperar pelo fim. Ela nunca havia sido paciente, mas determinadas circunstâncias merecem certas medidas. Começou a chover.

Voltou para a cama, enrolou-se no lençol e se deixou imaginar que aquele era o abraço dele. Fechou os olhos e decidiu esperar o fim de seu tempo amando aquele que já não estava mais ao seu lado.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Atrasada.

Acordara decidida a se declarar. Por que hoje? Não sabia; mas hoje parecia ser um dia diferente dos outros todos. O Sol parecia brilhar mais, as nuvens pareciam mais fofas e até o galo da casa vizinha parecia mais afinado. Ela se arrumou, penteou os cabelos negros, passou o perfume que ele tinha dado e saiu.

Gostava dele desde que haviam se conhecido: foi numa tarde fria de agosto de 2005. Ela entrou no primeiro café que viu na rua e sentou-se. Ele apareceu e não tinham mais mesas vazias. E, como ambos pensavam, sentar ao balcão é estranho. Compartilharam uma mesa. Ela sentiu arrepios desde o primeiro sorriso dele, que veio acompanhado de um: "Com licença, posso me sentar com você?"
Ora, como ela iria negar?! Era o sorriso mais lindo do mundo! E só com esse sorriso ele conseguiu fazê-la ficar sem respirar. Daí a conversa fluiu. Perceberam que não tinham NADA em comum. Enquanto ela preferia doce, ele gostava de amarelo. E sendo praticamente opostos, eles se completavam.

Ela tinha esse sentimento guardado desde essa tarde, e agora, após cinco anos, ia revelá-lo a ele. Estava com saudades, não se viam há duas semanas, e isso só aumentava sua vontade de falar tudo pra ele.

Com o pensamento otimista, andou sete quarteirões até a casa dele, aproveitou o tempo para ensaiar o que falaria quando ele atendesse a porta. Chegou, respirou fundo e tocou a campainha. Minutos depois uma senhora conhecida abriu, com um semblante sério. Estranhou, afinal ele morava sozinho.

Perguntou o que a senhora fazia ali e ela, fungando, disse para a moça entrar. A casa estava lotada de pessoas que ela não lembrava o nome, mas que já tinha visto algumas vezes. Achou o clima muito estranho e perguntou: "O que aconteceu aqui?". Alguém apontou para a sala ao lado, vazia, e ela foi para lá. Antes não tivesse ido.

Ele estava tão "não-ele". Lá, deitado, a madeira do caixão contrastando com sua pele alva. Ela não chorou, mas sentiu um aperto sem medida no pulmão. Aproximou-se do caixão, ajoelhou-se e chamou por ele. Atitude estúpida, afinal ele não ouviria! Mas ela precisava ter certeza de que ele tinha se ido pra sempre.

Abriu a boca e fechou várias vezes, como que criando coragem para falar. "Agora não vai adiantar de muita coisa, mas eu queria que você soubesse: desde o primeiro instante que a gente se viu eu soube que você teria alguma importância pra mim. Afinal você também não quis sentar ao balcão." Riu e continuou. "E eu estava certa, você se tornou tudo que eu precisava pra viver, era a pessoa mais importante da minha vida. Eu te amo. Eu sei que essas três palavras não dizem tudo o que eu sinto, mas é um começo. Eu te amo e te deixei escapar. Cheguei atrasada, como sempre, e agora você não está mais aqui. Espero que de onde você esteja, consiga entender o que eu estou querendo dizer. Obrigada por fazer parte da minha vida e me desculpe por não ter feito parte da sua.” Levantou-se e saiu.

Não quis acompanhar o cortejo, seria demais para ela. Preferia ficar com a lembrança dele aberto. Caminhou novamente até sua casa e quando chegou, jogou-se na cama. Tentou dormir, quem sabe em seus sonhos ela tivesse outra chance. Outra chance que ela aproveitaria mais cedo e não se arrependeria de ter feito algo muito tarde.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Esperando o inesperado.

Vejo os carros ficarem pra trás e não ligo, estou no ônibus indo pra casa, nada mais importa. Encosto a cabeça na janela e me deixo pensar. Pensar que todos os dias só não eram iguais, pois aumentavam um número na contagem para o fim do mês. Todos os dias: acordo, enrolo pra ir tomar banho afinal ultimamente está fazendo um frio que impediria qualquer um de sair da cama as 6 da matina. Como, vou para o ponto de ônibus.

Assisto às aulas, converso com minhas amigas, sempre com um sorriso no rosto pelo simples fato de estar com elas. Mas no fundo eu sei que falta alguma coisa. Volto pra casa num calor insuportável e num ônibus que mais parece uma lata de sardinha. Outro banho, totalmente diferente do outro, almoço e vou para o computador. Escrevo, assisto, falo. Janto, outro banho, durmo.

Raramente essa rotina muda. É esse lenga-lenga todo santo dia. Minha vida anda tão monótona quanto uma simples lavagem de louça. Começa com a água, esponja e sabão, mais água e só resta esperar secar. Eu estou no processo de secagem, no escorredor. Preciso que algo de novo me aconteça, um tipo de detergente novo, uma esponja diferente, trocar de pia quem sabe?!

Metáforas de lado, eu preciso de uma guinada! Algo totalmente diferente pra me tirar do tédio. Pegar um ônibus que me leve pra algum canto que não minha casa após as aulas, mas que eu também não saiba para onde vai. Encontrar alguém que eu não esperava na rua. Um sorriso por um motivo diferente do normal. Um assunto diferente pra discutir além das mesmas coisas, dos mesmos problemas. Mudar o jeito de fazer certas coisas, trocar móveis de lugar só pra ver a casa diferente.

sábado, 7 de agosto de 2010

Redação escolar: o valor da diferença

Há tantos tipos de risos, de olhares, de vestimenta, de se expressar. Tantos gostos e preferências, tantas personalidades e muitas músicas. Cada um com seu jeitinho: têm sorrisos mais abertos que mostram os 32 dentes e demonstram o quão feliz e idiota você é; mas também têm sorrisos tímidos sem um canino à mostra.

Têm olhares sedutores, atrevidos e ousados, que conseguem tudo o que querem. Outros mais mortos que não dizem nada além de "Olá" ou tão mortos a ponto de expressar melancolia.

Existem vestimentas como existem modos de se despir: combinações de cores inusitadas, terno e gravata pretos com camisa branca, roupas caras da Channel e roupas de brechó. Pessoas que não ligam pra roupas, nudistas, e os que valorizam tanto que chega a ser um vício.

Diversas maneiras de se expressar: por palavras, por atos, pequenos gestos... Alguns dançam, pintam, gritam principalmente; Ainda há os que simplesmente não conseguem, de maneira alguma.

Samba. MPB. Pagode. Funk. Hip Hop. Pop. Indie. Rock. Axé. Rebolation é bom, bom. Verão. Inverno. Primavera. Outono. Claro. Escuro. Alto. Baixo. Tem gente que gosta de Carnaval, e tem gente que gosta de ficar em casa.

Há tantos formatos: de arquivos, geométricos. Tantas plantas e flores, vários sabores, bichos, cores, sentimentos e pessoas. Desiguais palavras para um significado. Sinônimos.

Todos à sua maneira; Imagine se tudo fosse uma massa cinzenta? Ninguém saberia dizer se um é um, e dois é dois. As distinções têm alto valor, pois sem elas o mundo seria monótono e cansativo.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Cotidiano.

A manhã apareceu e com ela, a garota acordou. Após 3 semanas mal dormidas, foi a primeira vez que teve uma boa noite de sono. As coisas deviam estar melhorando. Deixou a preguiça de lado e foi escovar os dentes, olhou-se no espelho e foi para cozinha. Eram somente 6:00 AM ela ainda tinha duas horas até ir pro trabalho. Comeu uma pêra, embora não fosse sua fruta preferida era a única que tinha ali. Fez uma nota mental de ir ao supermercado o mais rápido possível; calçou uma pantufa e foi até a padaria mais distante.

As ruas não estavam tão vazias quanto esperava: algumas senhoras caminhando pela pracinha que ficava em frente ao prédio que morava e alguns senhores jogando xadrez. Ela não sabia jogar xadrez; quem sabe algum dia, quando tivesse 60 e poucos anos, já não tivesse aprendido?! Também viu algumas mães com seus bebês passeando para que seus filhos recebessem sua dose diária de vitamina D. Talvez algum dia fosse mãe e chamaria ela, ou ele, de Madalena ou Gustavo. Sorriu com a idéia.

Chegou à padaria e pediu o de sempre: quatro pães "francês" e dois pães "doce". Olhou para o lado e viu seu vizinho de frente. Sorriu, ele sorriu de volta. Sentiu algo gelado em seus pés e olhou pra baixo: viu um cachorro cheirando-a. Era o buldogue do vizinho, já tinha os visto passeando.
O vizinho riu e disse: “Ele gostou de você”. Ela deu um sorrisinho nervoso e respondeu olhando pra baixo com uma feição engraçada: “Acho que até demais”. O olhar dele seguiu o dela e ele viu que o seu cachorro tinha feito suas necessidades no pé da moça. Ficou vermelho e disse: “Bob! NÃO!” e tirou o cachorro de perto dela. Ela riu e disse: “Não tem problema. Mas, Bob? Por que Bob?” E ele respondeu: “É Bob de Bob-ão” Ela riu com gosto da piadinha tosca dele, pegou seu pão e pagou; ele repetindo o ritual em seguida.

Saiu da padaria com ele, conversaram durante todo o caminho, sobre Bob, tempo, música, profissões, comida e tantas outras coisas. Ela descobriu que ele gostava de ler, adorava torta de maçã, não gostava muito de festas e era veterinário. Ela o contou que tinha passado no primeiro vestibular, que sempre quisera ter um cachorro e que era muito desastrada. Disse também que gostava do interior porque lá as estrelas parecem ser mais brilhantes e que acreditava em astrologia e ele disse que gostava de desenhar e de Beatles.

E assim o caminho acabou, ele sempre com um sorriso no rosto. Quando chegaram na rua em que moravam, ela perguntou por que ele estava sorrindo tanto. Ele respondeu que a partir do momento em que a viu entrar na padaria sabia que gostaria de conhecê-la. Ela ficou sem graça e ele a beijou. Com os olhos arregalados ela não soube o que fazer nesse momento. Só correspondeu. Por incrível que pareça, tudo ficou cinza e eles eram os únicos presentes na rua toda. Eles e Bob, é claro. Foi um beijo terno e significativo. Nada que parecesse com último capítulo de telenovela, e sim algo que simplesmente dizia o quanto eles gostariam que tudo aquilo fosse exatamente do mesmo jeito se acontecesse novamente.

Separaram-se, sorriram. Incrível como certos sentimentos fazem tudo parecer melhor. Nada mais precisava ser dito.

domingo, 1 de agosto de 2010

Tomorrow.

" Como diz a minha mãe: Embora a vida não pareça justa (e não é), ela nunca vai te deixar tão mal que você não possa suportar. O amanhã sempre será diferente e especial."
Cintya Franco citando Cristina Franco.

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