terça-feira, 24 de maio de 2011

Teoria da evolução contemporânea

Você, leitor, num domingo à noite liga a TV. Passa os canais à procura de algo que te distraia do mundo real, que anda violento demais. Então, jornal não. O canal X está passando a propaganda de sempre, tentando vender um espremedor de frutas que limpa a pia após feito o serviço. Próximo!

O canal de música que costumava tocar todo tipo de banda, agora só toca o que a massa quer, e pode, ouvir. No seguinte, tem uma família fazendo do palco, um divã, enquanto discute a má relação dos pais divorciados com os filhos revoltados. E piora: logo após o intervalo, não perca, o divã virará laboratório e Gilvanderson descobrirá se realmente é pai do filho de Juciara. Outro canal, por obséquio.

Agora um festival de peitos e bundas ao sol, barracos forçados, romances dignos de contos de marionetes, ops, de fadas. Tudo isso junto numa casa filmada. Um banquete para os que tanto gostam de olhar a vida alheia.
Televisão brasileira: serve para, vigorosamente, entreter e divertir o povo enquanto suga as informações úteis do cérebro dos espectadores. Ou você, leitor, achava que o único motivo de o único programa educativo da TV aberta passar as cinco da matina era por falta de horário?

Que Darwin me perdoe, e não se contorça na cova, mas essa é a teoria de evolução dos dias de hoje é: quanto mais o ser humano souber da vida social alheia, mais informado ele estará.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Vida Real

Se me perguntassem por que eu estou aqui, sentada no banco desse bosque, não saberia responder.

Mentira, saberia sim, mas eu acharia melhor não o fazer. Ir no mais íntimo dos sentimentos sempre é perturbador, e como todo ser humano: eu prefiro o caminho mais fácil. Entretanto, não o mais simples.

A justificativa de eu estar aqui não seria um "Eu estava cansada de ficar em casa" e sim "Parecia que o teto ia esmagar minha cabeça de tão sufocada que eu estava, tive que sair voando e até esqueci o prendedor de cabelo".

Também queria escrever, a única coisa que acaba com minha ansiedade. Podia escrever em casa, mas ainda acho muito simples escrever em casa. Tenho que ter alguma coisa que enfeite de onde vem a criatividade para eu escrever esse projeto de crônica.

Aí eu saí, fiquei entre ir a um supermercado, ver o corre-corre das pessoas em busca das promoções relâmpago e escrever sobre a falta de tempo, ou vir pro bosque e só ver. Talvez escrever o que sentia ou descrever o farfalhar das árvores. Segunda opção foi mais fácil. Mas quem disse que eu não posso dar aquela enfeitada? Já falei que não gosto de nada simples. Então: achei que o ar puro iria me fazer limpar as idéias e me distrair... Pra não dizer que foi somente por estar mais perto do bosque.

Acabou que chegando aqui, ouvindo Engenheiros do Hawaii e relembrando tudo que eu tinha pensado no caminho, decidi escrever sobre minhas ações cerebrais, vulgares pensamentos, e percebi que vivo tentando fazer a minha vida parecer menos monótona do que realmente é, e como se fosse pouco, querendo que ela seja lírica e cinematográfica. Isso tudo pra que tenha graça. Hábitos de escritora, que fazer?

Mas com isso, percebi que sempre vivemos querendo mais do que temos, não importa o quê. Agora eu quero mais romantismo, aventura e um tchan. Vou passar na padaria na volta pra casa e comprar um sonho bem recheado pra ver se enfeita a realidade.

"Ah, vida real, onde é que eu troco de canal?"