quarta-feira, 26 de novembro de 2014

O melhor da vida é de graça

Há uns anos assisti a um filme que mudou meu jeito de olhar o mundo. O fabuloso destino de Amélie Poulain conta como a vida de alguém pode mudar a partir do momento em que ela repara nos pequenos prazeres da vida. Amélie, a protagonista, gosta de enfiar a mão num saco cheio de grãos e de quebrar a casca do crème brulée com a colher antes de comer. Amélie é como eu e como você.

Quem nunca reparou nos formatos conhecidos nas nuvens? E quem não é louco por estourar plástico bolha? Os amantes de futebol devem concordar que é muito melhor ver o momento exato do gol e não o replay. É aquela graça e charme contidos num momento efêmero.

Cheiro de livro recém-comprado ou de grama recém-cortada. Quando o ônibus para na sua frente em um ponto lotado. Pisar descalço na grama e sentir as milhares de folhinhas fazendo cócegas nos pés. Ouvir o barulho do mar batendo nas pedras. Estalar todos os dedos do pé ao mesmo tempo.

Deitar a cabeça no colo de quem se gosta e receber cafuné. Zapear os canais da TV e achar seu filme favorito passando. Melhor ainda se estiver no começo. Gostar de uma música na rádio e o locutor dizer o nome logo após. Achar dinheiro no bolso da calça. Dançar com os pés em cima dos pés do seu par.

Passar cola de isopor na mão e esperar secar pra poder tirar. Enfileirar dominós só pela graça de derrubá-los. Ver um dos primeiros flocos de neve cair e derreter. Ver o céu parecer aquelas garrafinhas com areia na hora do pôr-do-Sol. Raspar a panela do brigadeiro. Terminar de ler uma crônica.