quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Sons e luzes que passam.

O marido saiu faz umas horas e ela resolveu ficar a sua espera. Sentou-se na poltrona verde-musgo tão querida por ele; e calma, por fora, ouviu as badaladas do relógio. Pegou um dos copos que ele usava, de vidro, e o encheu com um líquido que todos diziam fazer relaxar e esquecer os problemas.

A cada zunido de carro passando e fresta de luz que entrava por baixo da porta, ela ansiava que fosse o farol do carro dele e que ele estava saindo, vindo para ela.

Tomou um gole e resolveu andar pela casa, deveria ajudar a fazer o tempo parecer passar mais rápido. Ah, como tudo aquilo lembrava ele: os charutos em cima da mesa, o modo de desorganização ajustada que estes estavam dispostos e principalmente o cheiro: fumo, menta e colônia pós-barba que estavam até nas cortinas. Os chinelos confortáveis embaixo da poltrona que há pouco estava sentada e o jornal mal dobrado no braço desta.

Sabia que com tanta ansiedade não conseguiria dormir, entretanto foi se deitar. Amanhã seria um dia longo e... Quem ela queria enganar? O único motivo que a fez quase correr escada acima foi o som de chaves mais alto que os outros. Não queria que ele chegasse e percebesse que ela, mesmo com o casamento desmoronando, não conseguia ficar em paz enquanto ele não chegasse.

Tinha aprendido um amor diferente com ele, mas não só isso. Aprendera a ter orgulho também. Deitou-se e depressa se cobriu, fechou os olhos. Ouviu-o entrar, trocar de roupa, e não precisava abrir os olhos; tinha certeza que ele estava lá. Mas só conseguiu dormir quando sentiu a presença dele ao seu lado.

Um comentário:

  1. É incrivel, "o poder" que uma pessoa tem com a outra, você muda seu estilo de vida, aprende coisas e depende dele de alguma forma, =/

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