sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Dois olhos negros.

Ela olhou para cima e lá estavam aquelas duas orbes a encarando, acompanhadas de um sorriso presunçoso e encantador. Fazia duas horas que os amigos tinham se reunido e ele havia chegado. Apesar de não ser o ideal de beleza, ela havia se encantado com ele. Tanto que não emitiu uma vogal desde que o vira pela primeira vez.

Enquanto os outros falavam, sua mente vagava de ponto em ponto. Já seus olhos sempre voltavam aos dele. Os olhares furtivos eram de ambos. Ela corava e abaixava os olhos, enquanto ele continuava a olhá-la como se o infinito ali estivesse.

Queria muito levantar a cabeça e encará-lo de volta, desvendar o segredo que aqueles olhos possuíam. Eram escuros e infindos como a noite e pareciam querer contar uma história diferente a cada bater de cílios do seu dono.

Não importava mais o assunto que rolava na mesa, devia ser algo acerca da população chinesa ou guerras. A única coisa que a interessava eram os olhos. Xícaras de café preto e fumegante numa noite fria. Repletos de aconchego e calor, mistério e misticidade que ela adoraria descobrir.

Ai! Se ele chegasse mais perto e tomasse seus lábios em um beijo. Ai! Se os braços dele a livrassem do frio e a dessem calafrios.

Continuou afastada da conversa que se estendia ao passar da hora. Preferiu se perder no mundo novo oferecido pelos olhos do cara sentado ao seu lado, esse deveria ser bem mais interessante que o mundo onde ambos estavam afastados demais.

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